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Discurso do Orador da 11a. Turma de Administração Pública da UDESC 2013

 
19/02/2018
 
Atualizado em
22/03/2022

Boa tarde a todos.

(Cumprimento as autoridades)

“Toda ação precisa de um instrumento. O instrumento básico da vida é a instrução. Educar-se é aprender a viver, é aprender a pensar. E nesta vida, não se engane: só vive plenamente o ser que pensa. Os outros se movem, tão somente”.

Com esta frase da eterna deputada Antonieta de Barros, catarinense, filha de uma escrava liberta, pobre, professora – e por isto – primeira mulher negra a ser eleita para um mandato numa Assembléia Legislativa deste país, é que iniciamos este bate-papo solene.

Este momento, simbolicamente eterno, marca o termino de uma importante etapa de nossas vidas, e principalmente, registra o início de nossa plena atuação profissional junto à comunidade.

Disse o poeta, que o artista vai onde o povo está.

Fazemos esta citação por entender que nossa profissão, mais do que missão, é uma arte. E esta arte precisa ser fervorosamente difundida, pois não há registro histórico de uma sociedade forte, articulada e pujante onde não houvesse um Estado efetivo, eficiente e eficaz.

E para exercer nossa profissão na plenitude, temos que ter aptidão, formação, e mais do que isto – gostar do novo, gostar do povo, entender suas angústias, saber lidar com as pessoas, pois elas é que dão forma e escrevem a historia da sociedade e de suas instituições.

 

Jean Jacques Rousseau, por nós tão conhecido graças a Professora Marisa, afirmou que “só conhece a justiça quem sente a força da injustiça”.

Sim, este é um momento da vida em que vale à pena reforçar nosso idealismo, sob a ótica de que se formos, de fato, bons profissionais, teremos a capacidade de aprender diariamente tanto com a refinada obra dos sábios quanto com a vida simples dos excluídos.

E nossas ações, enquanto gestores públicos, ou mesmo na iniciativa privada e no terceiro setor podem sim mudar o mundo. Temos plena convicção disto. Cremos que no que depender da Turma Francisco Gabriel Heidemann, a geração que nos sucederá haverá de receber um mundo muito melhor, mais justo e mais fraterno.

 

Esta certeza é balizada pelas perspectivas, que são as melhores possíveis. E o são porque ultrapassamos a ressaca ideológica de uma época em que o Estado era demonizado. O discurso era “quanto menos Estado, melhor”. Porque o Estado, em princípio, era algo intrinsecamente ruim.

Depois desta grande crise, o Estado tem se reabilitado. E nos parece claro, que nosso desafio será o de articular esta sociedade contemporânea, extremamente complexa, que necessita de um Estado também complexo, qualificado, profissionalizado, que possa dar tratamento adequado as inúmeras demandas que emergem diariamente.

A redução da burocracia também deve ser uma bandeira constante, a ser propagada com a clareza de que a burocracia surgiu não como estratégia de entrave administrativo, mas sim como instrumento positivo de controle na gestão. Nosso país e sua administração pública pecam justamente pelo excesso de burocracia, e aí está o cerne da questão.

Mas a nossa certeza de que o futuro será melhor também é fruto do nosso passado, pelo trabalho realizado, pelo esforço por nós despendido, e pelas conquistas visíveis e irreversíveis que deixamos para esta Universidade.

Tudo isto nos permite afirmar que esta turma – formada por um mosaico humano sem precedentes na UDESC, sabe de onde veio, onde está e quais são os desafios que estão por vir, e naturalmente, que pretende vencer.

E os venceremos, porque vimos de uma longa jornada, extenuante e ininterrupta.

Fomos forjados pelo exemplo do MOVUP, movimento comunitário, único em Santa Catarina, que conseguiu aglutinar e capilarizar sociedade civil, iniciativa privada, governo e academia, dando início a este curso;

Fomos forjados pela UDESC, que vive em um excepcional período de expansão, e para com este processo também demos nossa colaboração;

Fomos forjados pela ESAG, instituição que nos deu a oportunidade prática de utilizar os conhecimentos adquiridos, o espaço e a provocação permanentes para o debate contraditório, sem os quais, muitas de nossas lutas e utopias talvez não tivessem se efetivado;

Fomos forjados pela luta estudantil, pelas batalhas do CAAP, dos Conselhos Superiores, Associação Atlética, FENEAP, do Campo de Públicas e do ENEAP;

Participamos ativamente, todos, de projetos de pesquisa, de extensão, de semanas acadêmicas, de diversas edições do projeto Rondon, do estagio visita em Brasília;

Fomos forjados pelo exemplo de nossos grandes professores…

Com o exemplo destes baluartes, também a todos vocês prestamos contas. Sim, caro colega Wesley, cientes de que o ensino público é o alicerce da grandeza de um país, nos cabe além de agradecer – registrar nossa passagem. Nossa sala atuou com união, muitas vezes debatemos em sala de aula e fora dela de forma mais intensa – bem intensa, eu diria – por termos idéias diferentes, mas sempre defendemos o mesmo ideal: uma universidade forte, autônoma e consolidada em nossa região.

Ouvi certa vez do professor Mario Moraes que jamais havia visto na ESAG um grupo de alunos com tamanha capacidade de realização e com um legado tão intenso. Em contraponto, nosso diretor geral nos afirmou que não entendia de onde vinha a força que nos mantinha firmes na luta… hoje me sinto mais forte, mais feliz quem sabe, e encontro resposta nos versos de Gonçalves Dias na canção do tamoio… “A vida é luta relida, viver é lutar… a vida é um combate, que os fracos abate. Que os fortes e bravos, só há de exaltar”.

Como muitos dos senhores aqui presentes, entregamos boa parte de nossa juventude ao sonho de um país melhor. Nosso foco foi o de possibilitar que este curso fosse a referencia que hoje o é, juntamente com a criação de um Campus Universitário em Balneário Camboriú;

Suportamos algumas adversidades que são impostas a todos aqueles que ousam enfrentar o status quo; Não temos nenhum arrependimento, tampouco não temos outro sentimento pela UDESC e pela ESAG que não sejam o de respeito e de GRATIDÃO.

Alguns de nossos colegas e amigos, que conosco estudaram ou foram participes de nossas lutas, sofrimentos, angustias, alegrias e vitorias neste período, infelizmente tombaram pelo caminho e não podem compartilhar da alegria deste momento.

Dividimos com eles esta conquista, e lhes rendemos nossa eterna homenagem.

Queridos colegas, Ladys and Gentlemann. É chegada à hora de partir para o mundo real. Um mundo que está com grande expectativa, e que espera muito de nós.

Tracemos um ponto de equilíbrio no legado que nos foi deixado pelo curso como acadêmicos, e nossa responsabilidade enquanto cidadãos e egressos só aumentará.

Nos momentos de decisão, que procuremos lembrar do General Salm Junior e possamos nos conectar com os ensinamentos dele e de todos os nossos mestres… teremos certamente o apontamento do melhor caminho para a tomada das melhores decisões.

Procuremos nos inspirar nos diversos exemplos dignos que recebemos, pois afirmamos sem medo de errar, querido professor José Francisco Salm: exemplos não morrem – vocês são eternos.

Meus colegas, é preciso construir pontes, ao invés de obstruí-las. Na discussão, implementação e posterior avaliação de políticas públicas a busca da convergência, com base no dialogo, torna o processo muito mais trabalhoso – mas produz também resultados mais perenes.

A construção de uma sociedade mais justa e democrática deve estar baseada em princípios sólidos; abrir mão de valores não é sinônimo de habilidade, é degeneração.

Mas ser fiel a princípios não deve ser pretexto para intransigência, truculência, para o isolamento pessoal e institucional.

A arte de inovar na administração pública traz como premissa a disposição de aproximar os contrários de forma infatigável, tendo em vista sempre a necessária promoção do interesse comum.

Este é o legado que nos foi deixado, esta deve ser nossa referencia, nossa meta, nosso objetivo de vida.

Por fim, e não menos importante: agradecemos a Deus pai todo poderoso– este sim, administrador público de tudo o que existe, e pedimos que ele renove, sempre, nossa fé e nosso otimismo, sem os quais não conseguiremos fazer as mudanças esperadas há tanto tempo, por todos nós.

ENCERRO COM UM trecho da musica de Ivan Lins, que inclusive consta em nosso convite de formatura…

“No novo tempo, apesar dos castigos

Estamos crescidos, estamos atentos, estamos mais vivos

Pra nos socorrer

No novo tempo, apesar dos perigos

Da força mais bruta, da noite que assusta, estamos na luta


Pra sobreviver, pra sobreviver

Pra que nossa esperança seja mais que a vingança
Seja sempre um caminho que se deixa de herança”

Que esta mensagem entre em nossos corações não em tom de despedida, e sim, de que esperamos todos para um breve reencontro.

Magnífico Reitor, em nome dos formandos do Curso de Administração Pública aqui presentes, solicito a OUTORGA DE GRAU de bacharel em ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.

Uma boa tarde a todos.

Leandro Índio da Silva

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