A comunidade acadêmica tem acompanhado os embates e conflitos sociais e políticos que interpelam as administrações públicas e, de modo mais amplo, o próprio Estado brasileiro, em suas múltiplas facetas: formas de representação e exercício do poder político; administração da coisa pública; garantia de direitos e soberania do povo brasileiro. Embora nem sempre adequadamente organizada e divulgada, a produção acadêmica e científica pode contribuir em muito para o debate qualificado e democrático de problemas e caminhos possíveis.
Ao mesmo tempo, pela sua posição particular e seu engajamento na formação de profissionais e pesquisadores, a comunidade acadêmica e científica do Campo de Públicas pode propiciar um rico e dinâmico diálogo com as múltiplas e diversas formas de expressão e organização da sociedade civil, de quem, em última instância, deverão emergir opções e caminhos para a reinvenção da esfera pública e a construção e consolidação de um Estado brasileiro efetivamente republicano e democrático. O Campo de Públicas é designado como um campo multidisciplinar de ensino, pesquisa e fazeres tecnopolíticos, no âmbito das Ciências Sociais Aplicadas e das Ciências Humanas, que se volta para assuntos, temas, problemas e questões de interesse público, de bem-estar coletivo e de políticas públicas inclusivas, em uma renovada perspectiva republicana ao encarar as ações governamentais, dos movimentos da sociedade civil organizada e das interações entre governo e sociedade, na busca do desenvolvimento socioeconômico sustentável, em contexto de aprofundamento da democracia.
Sua expressão no âmbito do ensino é configurada por um número crescente, notadamente a partir de 2005, de cursos de graduação, sobretudo de bacharelado, com as denominações de Administração Pública, Gestão de Políticas Públicas, Gestão Pública, Gestão Social e Políticas Públicas. No âmbito da pós-graduação também vem despontando grande número de novos cursos, com variadas denominações particulares. Conquistou reconhecimento e identidade institucional em 2014, como campo de formação acadêmica e profissional, com a edição de Diretrizes Curriculares Nacionais próprias.
Nesse contexto, a Associação Nacional de Ensino e Pesquisa do Campo de Públicas (ANEPCP), criada em 2015, vem fomentando o debate e fortalecendo o Campo de Públicas. O foco da associação é a geração, a expansão, o aprofundamento e a disseminação de conhecimentos próprios do campo, considerando tais elementos como condições para a sua consolidação e a sua materialização enquanto comunidade científica. No ano de 2020, a associação passa a contemplar em sua denominação a extensão, tornando-se Associação Nacional de Ensino, Pesquisa e Extensão do Campo de Públicas (ANEPCP). Esta mudança de denominação coloca em destaque também as atividades de extensão que são desenvolvidas e buscam integrar o Campo de Públicas com a sociedade, gerando aprendizados coletivos, trazendo resultados positivos para a administração pública e para a garantia de direitos.