PORTAL DO CAMPO DE PÚBLICAS

Uma nova tentativa de definição de “Campo de Públicas”, considerando aspectos históricos e perspectivas

  28/02/2018
  Atualizado em 22/03/2022



Campo de Públicas é uma expressão utilizada por professores, pesquisadores, estudantes e dirigentes de cursos de Administração Pública, Gestão Pública, Políticas Públicas, Gestão de Políticas Públicas e Gestão Social, de universidades brasileiras, no interior de um movimento nacional pela afirmação da autonomia dessas áreas em relação à de Administração de Empresas, da qual, até então, estes cursos eram vistos como sub-áreas, vinculando-se a ela em assuntos de política e avaliação educacional e de exercício profissional. Mencionado movimento se fortaleceu na luta por Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) próprias, tendo na Carta de Balneário Camboriú, de 06/08/2010 (http://campodepublicas.files.wordpress.com/2012/11/acarta-de-bal_-camboriufimagostovpf.pdf) sua mais forte expressão. As DCNs, que haviam sido aprovadas pelo Conselho Nacional de Educação em 10/12/2010 (http://campodepublicas.files.wordpress.com/2012/11/parecercnecesadmpublica_dez2010vfinal.pdf) foram sancionadas somente em 19/12/2013, após longa batalha contra recurso interposto pelo Conselho Federal de Administração (http://campodepublicas.files.wordpress.com/2013/12/homologdcns.pdf). Embora apareça, inicialmente, como um movimento por autonomia no âmbito da gestão educacional e do exercício profissional, o Campo de Públicas é, essencialmente, um campo multidisciplinar de ensino, pesquisa e fazeres tecnopolíticos, no âmbito das ciências sociais aplicadas, que se volta para assuntos, temas, problemas e questões de interesse público, do bem-estar social, da coisa pública, das relações governo-sociedade civil. O contexto no qual emerge o Campo de Públicas no Brasil (onde managementpublic affairs nunca se distinguiram tão claramente como nos países de língua inglesa) é o do amadurecimento da democracia pós-ditadura militar e de efervescência de quase três décadas de esforços reformistas no Estado brasileiro. Daí a forte intersecção entre pesquisa e soluções governativas, ou, em outros termos, universidades e poderes públicos, na configuração do Campo de Públicas, fato bastante notável quando se toma conhecimento dos numerosos estudos apresentados e publicados por atores do campo em eventos científicos e periódicos nos quais se expressam. O desafio atual do Campo de Públicas é se firmar como comunidade científica capaz de interagir com a sociedade e com os governos, de modo a contribuir com a produção, a disseminação e a aplicação de conhecimentos que, ao mesmo tempo, façam avançar a fronteira do da ciência e permitam melhorar a gestão pública e a relação governo-sociedade.

Valdemir Pires