Adeus a Ana Fonseca
02/04/2018
Atualizado em
22/03/2022
carreira acadêmica na área de história social na Unicamp e na USP,
dedicou grande parte de sua vida profissional às pesquisas voltadas ao
estudo do trabalho e renda. Pessoa inteligente, de boa formação
acadêmica e de capacidade executiva pouco comum, uniu a reflexão
teórica à execução das políticas públicas.
É nesse sentido uma figura de grande valor para o campo de públicas.
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A dedicação ao estudo dos programas de distribuição de renda levou Ana
Fonseca, no início da década de 1990, na qualidade de pesquisadora do
Núcleo de Estudos de Política Pública (NEPP) da Unicamp, a ser convidada
para acompanhar e assessorar o programa ‘Renda Mínima’ implantado na
cidade de Campinas (SP), durante a gestão do então prefeito José Roberto
Magalhães Teixeira. “Precisamos deixar claro que foi no governo do
Magalhães Teixeira que nasceu o primeiro programa de distribuição de
renda mínima no país”, disse Ana Fonseca num vídeo documentário sobre
sua carreira profissional gravado pelo NEPP. Nesse depoimento Ana
Fonseca destacou ainda a importância que o programa criado em
Campinas teve para a implantação do Bolsa Família no Brasil mais de uma
década depois.
No inicio da década de 2000 Ana Fonseca foi convidada para coordenar o
Programa de Garantia de Renda Mínima do munícipio de São Paulo,
durante a gestão da prefeita Marta Suplicy. Nessa época existiam vários
programas de distribuição de renda como Renda Mínima, Bolsa Escola,
Bolsa Luz, Bolsa Gás e vários outros implantados pelos executivos dos três
poderes. Foi na prefeitura de São Paulo que Ana Fonseca iniciou o
caminho da intersetorialidade da política pública visando à unificação dos
vários programas de distribuição de renda, em um único cartão digital.
Foi a partir dessa experiência, na prefeitura de São Paulo, que Ana
Fonseca foi convidada para coordenar o Programa Bolsa Família durante a
gestão do primeiro governo Luiz Inácio Lula da Silva de outubro 2003 a
janeiro de 2004. Ela exerceu ainda o cargo de Secretária Executiva do
Ministério do Desenvolvimento Social de fevereiro a novembro 2004.
Ana Fonseca foi também analista de Políticas Sociais da Oficina do
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) para a
América Latina e o Caribe durante os anos de 2005 a 2006 e analista de
Políticas Sociais da Oficina Regional do Programa das Nações Unidas para
Alimentação e Agricultura (FAO) em 2007. Manteve ademais intensa
agenda de trabalho e de assessoria junto a vários países que adotaram
programas de renda mínima tanto na América Latina e na África. Seu
grande prazer era falar da importância que os programas de renda mínima
têm para tornar os países mais igualitários.
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Ana Fonseca faleceu em 25 de março de 2018 em Campinas aos 67 anos
de idade. Deixa o legado de uma vida dedicada ao estudo da transferência
de renda e combate à pobreza. Colegas de trabalho, amigos e familiares
são unanimes em lembrar sua sensibilidade social e alegria permanente
em tudo que fazia, da atividade acadêmica ao desenho e execução das
políticas sociais.
Carlos R. Etulain
NEPP/Unicamp, março de 2018