ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE ENSINO E PESQUISA DO CAMPO DE PÚBLICA SE POSICIONA FRENTE Á CRISE POLÍTICA
08/02/2018
Atualizado em
22/03/2022
NOTA DA ANEPCP SOBRE A ATUAL CRISE POLÍTICA NO BRASIL
Por meio de sua diretoria, a ANEPCP – Associação Nacional de Ensino e Pesquisa do Campo de Públicas – como entidade representativa deste campo profissional, acadêmico e político e congruente com seus fundamentos éticos e normativos, exerce o dever de se posicionar em face dos desdobramentos da grave crise política por que passa o Brasil.
A quadra histórica impõe a defesa intransigente da República inaugurada com a redemocratização e que constitui a mais longeva experiência de efetivo funcionamento do Estado democrático de direito no país.
É a democracia que vem possibilitando o gradativo aperfeiçoamento da administração pública no Brasil e dos mecanismos de controle social, além do reconhecimento da secular dívida social e da inclusão de grupos historicamente marginalizados. Qualquer ameaça de ruptura institucional deve ser imediata e firmemente repelida por todos os atores do Estado e da sociedade civil imbuídos do ethos republicano e democrático que anima o campo de públicas.
Com lastro no pluralismo político, cultural e ideológico sobre o qual nossa ordem constitucional está assentada, cumpre rechaçar sumariamente condutas autocráticas e abusivas que em passado de triste memória interromperam a desenvolvimento de nossa frágil democracia.
A ANEPCP propugna que qualquer solução para a crise em andamento paute-se pela manutenção e aprofundamento do diálogo, dos direitos de cidadania, das instituições políticas republicanas, da vontade popular expressa nas urnas e do devido processo legal e coloca-se à inteira disposição para somar-se àqueles que buscam uma solução presidida por esses princípios.
Notícias preocupantes dão conta de que estão querendo por fim à Fundação João Pinheiro, a exemplo do que já ocorreu com o CEPAM e a FUNDAP em São Paulo. Num cenário em que governador diz que universidade não produz conhecimento útil, juiz impede realização de debate em campus, fundamentalista religioso é cogitado para o Ministério da Ciência e Tecnologia, tentam impedir que professores opinem em escolas, querem barrar discussão sobre gênero no ambiente escolar, a inteligência e o argumento vão sendo tratados como se fossem doenças repugnantes.
Campo fértil para tudo que o Campo de Públicas deve abominar.
Agora que o Campo de Públicas possui “braços institucionais” bem definidos, não seria hora de defender suas posições?
Vale o alerta brechtiano:
“Primeiro levaram os negros Mas não me importei com isso Eu não era negroEm seguida levaram alguns operários Mas não me importei com isso Eu também não era operário
Depois prenderam os miseráveis Mas não me importei com isso Porque eu não sou miserável
Depois agarraram uns desempregados Mas como tenho meu emprego Também não me importei
Agora estão me levando Mas já é tarde. Como eu não me importei com ninguém Ninguém se importa comigo.”